domingo, 21 de junho de 2015

Bergamota, duvido que vocês sabiam a origem !!!

Bergamote, anca queste ze nostre !

No inverno é tradição aqui no Sul:

- dar uma lagarteada, mateando e comendo bergamota.

Em outras palavras (para não sulistas), pegar um sol, tomar chimarrão e comer mexerica.
Bom, não é difícil compreender que querer aproveitar o sol, dando uma lagarteada, seja algo bastante agradável, sobretudo, no inverno. O chimarrão também é um costume bastante arraigado e no frio é ainda mais saboroso. A bergamota, por sua vez, é uma fruta da época, muito comum e com preço bastante acessível mesmo para quem não possui um pomar.
Assim, entende-se por que é algo bastante comum no Sul, mas o que me deixou curioso é por qual motivo chamamos de bergamota, o que é conhecido como mexerica, na maior parte do Brasil. Foi então que busquei a origem deste nome e o que encontro é:
As palavras bergamota e vergamota têm sua origem na palavra em italiano bergamotta que, por sua vez, tem origem na palavra turca begarmüdi, que significa pera do príncipe”[1].
Diversas fontes confirmam esta afirmação através da descrição da origem etimológica de alguns cítricos:
Falando em Árabe e em cítricas, temos o limão, de limun. Parente dele em idioma de origem e família é a lima, de limâ. O que me lembra a tangerina, que recebeu esse nome do porto de Tânger, cidade do Marrocos perto do Estreito de Gibraltar, que era um local de exportação da fruta para a Europa. Essa mesma fruta é chamada no sul do Brasil de bergamota. Esse nome vem do Turco mustafa egarmudi, “a pera do Príncipe”. Não se sabe que confusão os italianos fizeram entre as frutas, que passaram o nome para bergamotta e assim ficou[2].

O que me faz crer nestes resultados é que a informação se repete em diferentes fontes. Assim, parece que i nostri taliani qua introduziram o uso do termo bergamota, para o que na Itália se conhece por mandarino. A bergamota (bergamotto) é um fruto crítico similar a este (Ver detalhes[3]) e seja por desconhecimento (un sbaglio) ou não por parte dos colonos italianos, o fato é que o uso da palavra bergamota se espalhou no Sul do Brasil para designar o que os portugueses conhecem por mexerica.
Para mim este é mais um fato que mostra o quão pouco, nós colonos descendentes de italianos, sabemos sobre nossa contribuição para a cultura gaúcha. Ora! se até a palavra bergamota, algo tão sulista, tem o nosso dedo, quanto mais outros aspectos de nossa vida não se devem a contribuição destes colonos tão relegados na nossa história.
Como me disse uma vez um colega (Roberto Rocha), os italianos arrumaram o churrasco e estragaram o chimarrão, se referindo, provavelmente, ao desenvolvimento do churrasco com espeto corrido[4] e a utilização de açúcar no mate. O que também ilustra nossa influência nesses produtos tão associados a vida no sul.
Quis escrever sobre isto para reforçar o que faço aqui com frequência, que é ressaltar a importância que nós descendentes de italianos (taliani) tivemos e temos para o que hoje se entende por Rio Grande do Sul. É essencial que saibamos nossas origens, para valorizarmos o que fomos e somos e, assim, não perder a essência que nos faz sermos gaúchos sim, ma anca coloni taliani (ou como dizem gringos)!
Por isso gente, como diz o professor Darcy Loss Luzzatto (grande conhecedor do nosso Talian):

- Parli talian gente che la léngua ze il sataron della cultura!

Cosi portemo avanti la mostra maniera de essere !!!

(Vamos falar nosso dialeto, assim mantemos a cultura e levamos a diante nossa maneira de ser) !!!



[1]http://duvidas.dicio.com.br/bergamota-ou-vergamota/. Busquei em vários outros sites, e parece não haver dúvidas que a origem da palavra no RS e SC vem dos imigrantes italianos que aqui se estabeleceram.  Alternativamente, https://entrelingua.wordpress.com/2009/08/02/e-bergamota-ou-mexerica/.  Acesso 6 dez. 2015.
[2] Disponível em: <http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/bergamota/>. Acesso 6 dez 2015.
[3] Diferenças, história e cultura dos cítricos na Itália: Disponível em: http://inea.it/pianoagrumi/pdf/Quaderno4WebOK.pdf. Acesso em 6 dez 2015.