A maioria dos meus amigos e familiares sabe que estou nos
Estados Unidos fazendo Doutorado Sanduíche na University of Illinois at Urbana-Champaign. Fico aqui por seis
meses, isto é, até o começo de fevereiro de 2014.
Estou no início de minha jornada e resolvi escrever um pouco
sobre algumas coisas que me chamaram a atenção. Obviamente, há grandes
diferenças entre o Brasil e os EUA que todo mundo sabe mesmo sem nunca ter
estado por essas bandas. Escrevo sobre alguns pontos daqui que me fizeram
lembrar “das colônia”.
Primeiro, a segurança. Sei que falar que aqui é muito mais
seguro que no Brasil é chover no molhado, e, sei também que estou em uma cidade
pequena no interior dos Estados Unidos. Mas quero comparar com as nossas
colônias e não com a periferia de qualquer metrópole brasileira. Pois bem, aqui
o sentimento de segurança é real, pode-se andar pela rua tranquilamente, pegar
ônibus sem receio. Enfim, o que todos dizem sobre a segurança me parece
verdadeiro.
Bom, essa segurança me lembrou de Nova Araçá, lembro que até
meus 18 anos, isto é até 2003, minha casa lá, quase nunca era chaveada, eu e meus
irmãos não tínhamos cópias das chaves e isso era normal entre a vizinhança.
Aqui as casas são iguais aos filmes, não tem cercas!
Em Nova Araçá também era assim, hoje, porém as coisas
mudaram, lá em casa se saímos para ir ao mercado (Jovi ou no Zilli – ambos
pertíssimos de casa) comprar qualquer coisa a porta é trancada. Agora quase
todas as casas estão cercadas!
Assim, a relativa semelhança entre Urbana (cidade que estou vivendo) e Nova Araçá parece que está
ficando cada vez mais distante neste quesito. Em nostra colônia parece que o sentimento de segurança vem
gradativamente perdendo força!
Outro ponto que me lembrou de casa foi que aqui a maioria
das propagandas na Televisão fala o preço do produto e quase sempre tem algum
desconto (save $).
Parece os nossos gringos negociando!
- Nó, nó, nó massa
caro che mestier li (não, não, não está muito caro).
Aqui apesar de se ter uma cultura bastante consumista, a
ideia dos descontos é muito forte, recordei-me da forma como negociamos por aí,
buscando fortemente o desconto, querendo sempre barganhar na negociada.
Coincidência ou não, assim
como o sentimento de segurança, a arte do pechinchar e do consumo consciente vêm
perdendo força nas nossas colônias. Não seria isto resultado do enfraquecimento
da nostra coltura, dei valori che gavemo
imparar co i nostri noni (da nossa
cultura, dos valores que apreendemos com os nossos antepassados)?
Talvez a resposta para, quem sabe, nos tornamos mais
parecidos nas boas características com a sociedade norte-americana seja
voltarmos a nós mesmos. Relembrar e reforçar nosso jeito de ser e os valores
que nos passaram os pori coloni che
(pobres colonos que) formaram nossas famílias, cidades e região.
Por fim, outro ponto que queria comentar e que tem a ver com
o paragrafo anterior é que sendo meu primeiro contado diretamente com inglês nativo
vejo como é bonito falar bem uma língua, quando escuto algum americano falando
me esforço o máximo para entender e acho bonito cada palavra, fico feliz quando
compreendo totalmente o que está sendo dito. Esse processo me relembra às vezes
que ia visitar meu bisnono Rômulo Franceschetti che bello è sentirlo a parlar Talian, ze la stessa roba che sentir qua “a
native speaker” (que bonito é ouvir meu nono falando dialeto é a mesma
coisa que ouvir um americano falando inglês). Isso não poderia ser de outra
forma, pois o Talian é a língua mãe
do nono, quem sabe, tentar manter nostra
lengua taliana não seja uma forma de recuperar as qualidades que me fizeram
associar as nossas colônias com a terra do Tio Sam?
Eu acredito que isso possa ajudar, e tento fazer minha
parte!
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