domingo, 26 de julho de 2015

No mínimo a Libertadores

Sabadão a noite, em casa olhando o facebook, vejo uma postagem de não lembro quem,  ao clicar vejo que se trata de um filme sobre il Talian - la nostra lengoa, si, la lengoa dei coloni, come mi. No filme o professor Darcy Loss Luzzatto (este é o cara !!)

Peguei e assisti, são apenas 10 minutos, e valeu cada segundo. O pequeno documentário (ou sei lá quala denominação correta) fala sobre a história do povo veneto. Se há algo de lenda, sobretudo, das origens mais remotas, não sei. O que sei é que deu orgulho!

bem feito, o professor fala um talian que dá gosto de ouvir, me identifiquei e por isso resolvi procurar no youtube e postar aqui!

Super recomendo, e que não pare no vídeo, há diversos livros que falam sobre a história do veneto que ele narra resumidamente. Espero que o video desperte o interesse de "someone like me" sobre a cultura e língua dei taliani.
- Ben,  vedemo cosa vien fora, e par desmentegarse mai, parli talian gente, che questa ze la nostra lengoa !!!

Baita achado para um dia 25 de julho, dia do colono!!!!

Termino dizendo que quem fez esse vídeo merece no mínimo uma Libertadores da América, e vindo de um gremista, vocês entenderam !!!


domingo, 21 de junho de 2015

Bergamota, duvido que vocês sabiam a origem !!!

Bergamote, anca queste ze nostre !

No inverno é tradição aqui no Sul:

- dar uma lagarteada, mateando e comendo bergamota.

Em outras palavras (para não sulistas), pegar um sol, tomar chimarrão e comer mexerica.
Bom, não é difícil compreender que querer aproveitar o sol, dando uma lagarteada, seja algo bastante agradável, sobretudo, no inverno. O chimarrão também é um costume bastante arraigado e no frio é ainda mais saboroso. A bergamota, por sua vez, é uma fruta da época, muito comum e com preço bastante acessível mesmo para quem não possui um pomar.
Assim, entende-se por que é algo bastante comum no Sul, mas o que me deixou curioso é por qual motivo chamamos de bergamota, o que é conhecido como mexerica, na maior parte do Brasil. Foi então que busquei a origem deste nome e o que encontro é:
As palavras bergamota e vergamota têm sua origem na palavra em italiano bergamotta que, por sua vez, tem origem na palavra turca begarmüdi, que significa pera do príncipe”[1].
Diversas fontes confirmam esta afirmação através da descrição da origem etimológica de alguns cítricos:
Falando em Árabe e em cítricas, temos o limão, de limun. Parente dele em idioma de origem e família é a lima, de limâ. O que me lembra a tangerina, que recebeu esse nome do porto de Tânger, cidade do Marrocos perto do Estreito de Gibraltar, que era um local de exportação da fruta para a Europa. Essa mesma fruta é chamada no sul do Brasil de bergamota. Esse nome vem do Turco mustafa egarmudi, “a pera do Príncipe”. Não se sabe que confusão os italianos fizeram entre as frutas, que passaram o nome para bergamotta e assim ficou[2].

O que me faz crer nestes resultados é que a informação se repete em diferentes fontes. Assim, parece que i nostri taliani qua introduziram o uso do termo bergamota, para o que na Itália se conhece por mandarino. A bergamota (bergamotto) é um fruto crítico similar a este (Ver detalhes[3]) e seja por desconhecimento (un sbaglio) ou não por parte dos colonos italianos, o fato é que o uso da palavra bergamota se espalhou no Sul do Brasil para designar o que os portugueses conhecem por mexerica.
Para mim este é mais um fato que mostra o quão pouco, nós colonos descendentes de italianos, sabemos sobre nossa contribuição para a cultura gaúcha. Ora! se até a palavra bergamota, algo tão sulista, tem o nosso dedo, quanto mais outros aspectos de nossa vida não se devem a contribuição destes colonos tão relegados na nossa história.
Como me disse uma vez um colega (Roberto Rocha), os italianos arrumaram o churrasco e estragaram o chimarrão, se referindo, provavelmente, ao desenvolvimento do churrasco com espeto corrido[4] e a utilização de açúcar no mate. O que também ilustra nossa influência nesses produtos tão associados a vida no sul.
Quis escrever sobre isto para reforçar o que faço aqui com frequência, que é ressaltar a importância que nós descendentes de italianos (taliani) tivemos e temos para o que hoje se entende por Rio Grande do Sul. É essencial que saibamos nossas origens, para valorizarmos o que fomos e somos e, assim, não perder a essência que nos faz sermos gaúchos sim, ma anca coloni taliani (ou como dizem gringos)!
Por isso gente, como diz o professor Darcy Loss Luzzatto (grande conhecedor do nosso Talian):

- Parli talian gente che la léngua ze il sataron della cultura!

Cosi portemo avanti la mostra maniera de essere !!!

(Vamos falar nosso dialeto, assim mantemos a cultura e levamos a diante nossa maneira de ser) !!!



[1]http://duvidas.dicio.com.br/bergamota-ou-vergamota/. Busquei em vários outros sites, e parece não haver dúvidas que a origem da palavra no RS e SC vem dos imigrantes italianos que aqui se estabeleceram.  Alternativamente, https://entrelingua.wordpress.com/2009/08/02/e-bergamota-ou-mexerica/.  Acesso 6 dez. 2015.
[2] Disponível em: <http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/bergamota/>. Acesso 6 dez 2015.
[3] Diferenças, história e cultura dos cítricos na Itália: Disponível em: http://inea.it/pianoagrumi/pdf/Quaderno4WebOK.pdf. Acesso em 6 dez 2015.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Baita Filme – L’albero degli zoccoli

Qua si femo poco a meia!!!


O filme L’albero degli zoccoli fala sobre o Norte da Itália no final do século XIX, período da grande imigração italiana, da qual a colonização da nossa Serra Gaúcha e muitos outros lugares no Brasil e no mundo, se fez notar em maior intensidade.
Gostei muito do filme, ele retrata a vida quotidiana de agricultores que não eram donos da terra onde trabalhavam, o resultado de serviço era dividido (acredito que à meia com o patrone (patrão), isto é 50% - 50%). Isso ilustra muito bem o sentimento, descrito em músicas, em expressões e nas histórias passadas de geração em geração pelos nonos e nonas que: nel brasile se laora, ma semo paruni delle nostre terre (No Brasil se trabalha, mas se é dono da própria terra). Sem dúvida, a busca de sua propriedade, de uma vida melhor e de ser seu próprio patrão foi umas das forças propulsoras da imigração da qual somos herdeiros. Esse sentimento de ser o dono do seu próprio pedaço de chão, firma, empresa, bodega, padaria ou qualquer outro negócio é, para mim, um dos fatores que ajudam a explicar o relativo desenvolvimento econômico das regiões de colonização italiana no Brasil. Algo que hoje seria traduzido por empreendedorismo.
Bom, mas o filme mostra muito mais do que a situação de dependência na qual os colonos viviam no Norte da Itália na final dos 1800. O filme retrata o dia-a-dia, as atividades da roça, muitas das quais não se alteraram significativamente ao longo do tempo. Gostei muito da sagra del porco, não pela morte do animal, mas porque mostra a importância desse animal para a alimentação em geral; a forma como isso foi feito no filme é bastante similar ao que vivemos ali nas nossas colônia: Paraí, Araça, Bassan - quem ver o filme vai se identificar, tenho certeza.
- A polenta! Ela aparece todas as noites na mesa desses pori coloni (pobres colonos), e gente, ela é a nossa base alimentar também[1]. Claro que temos diferenças alimentares, mas a base aí está! Nossa origem é essa, e não há como negar.
De fundamental importância para entender a sociedade da qual a imigração resultou é compreender o papel da regiliosidade, da fé  e da família, as quais o filme retratou muito bem. A vida social gira em torno de atividades entre as famílias, seja de trabalho conjunto, seja de eventos como casamentos, festas da paróquia, mas sempre colocando a família em primeiro plano e com a fé católica como unificadora das relações sociais. Observamos a reza diária do terço, a presença de crucifixos, rosários, e das palavras: Gessù Cristo e Madonna (Jesus Cristos e Nossa Senhra) praticamente todo o tempo. A fé está sempre presente em momentos de dificuldades, malatia de una bestia, una desgrassia, quando una famiglia è posta via dea casa, mas também na alegria, em momentos de agradecimento e felicidades. De fato, a reza e a devoção aparecem com destaque a todo momento. Não há dúvida de que o filme deixa explicita a importância da Fé e da Igreja e todo o enredo.
É claro que foi nesse tipo de ambiente que a imigração se desenrolou. Os imigrantes deixaram para trás: famílias, amigos, sua pátria, enfim se aventuravam em busca de uma vida melhor. Mas foi na religião, na fé e na oração que buscaram a força diária necessária para enfrentar as dificuldades deste árduo caminho percorrido.
Esses pontos que levantei me fazem ler e estudar, pelo menos um pouco, sobre a imigração. Me parece que esses foram os pilares que sustentaram a vida de nossos antepassados e forjaram a sociedade em que vivemos hoje. Na medida em que cada um desses pilares vai sendo corroído a sustentação da casa fica comprometida. Nostra maneira de essere (nossa maneira de ser) está cada dia mais em xeque, e se nem ao menos notarmos isso ficará cada vez mais difícil tentar proteger e cultivar a cultura da qual somos parte e devemos grande parte das benesses que hoje possuímos.
Eu acredito que algo possamos contribuir e estou tentando fazer da minha maneira.
- Boa sorte aos amigos que também quiserem travar esse combate!
 Por fim, obrigado Alex por ter me indicado o Filme!!!!

Como não consegui inserir o video, segue o link, nele pode-se ver o filme completo no youtube, e, pode-se ainda colocar legenda em Italiano, Inglês ou Espanhol, uma vez que o filme está em dialeto Bergamasco, parecido com o nosso Talian, mas não igual.






[1] Para quem não é descendente de italianos (ou não conhece) polenta é conhecida como angu em grande parte do Brasil.